quinta-feira, 8 de maio de 2008

REMEMORANDO


Tantas tentativas, rememorar o passado não e tão fácil como a primeira vista possa parecer, as coisas perdem a ordem cronológica quando não se perdem totalmente da lembrança, os detalhes desaparecem e fica apenas uma vaga lembrança de cores, cheiros, sentimentos, pessoas que nunca mais vimos. As tão esperadas férias, os primos que vinham de Brasília, a festa de São João, o abraço do avô e a visão dele ainda de madrugada preparando o café na grande casa na roça, tudo tão perfeito, parece até sonho, mas um dia foi realidade. A chuva que caia no telhado, o barulho que o vento fazia lá fora, o arco íris que vinha depois, minha mãe sentada na máquina de costura, a nova televisão a cores da qual não me acostumava e preferia continuar vendo e preto e branco, tudo ao lado de meus irmãos. Acompanhar meu pai no engenho, as pescarias de canoa no meio do rio entre uma lambicada e outra, a seva e os grandes peixes exibidos com orgulho depois. O frio na barriga e a expectativa a cada nova experiência experimentada.
Apenas alguns poucos momentos do muito que vivemos continuam para sempre guardados, relembra-los e quase como ver um velho filme em preto e branco mas o roteiro ainda não foi terminado e cada dia são ensaiadas novas cenas que irão ficar gravadas para apenas um expectador que dirige, atua, aplaude ou chora a cada novo desfecho dessa história imprevisível.
Lucas Ribeiro
Pompéu, abril de 2008

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