Esta chuva mansa que cai a noite toda
É tão compassada que até lembra
Um batimento cardíaco
Até nos momentos de exasperação
Ao cair dos trovões lembra os sobressaltos
No qual passe este pobre coração
Tanta chuva que há tantos anos assim não via
Traz-me também tantas recordações
Boas, más, velhas conhecidas
E outras que agora me surpreendem
Mas não e só o passado que tem me surpreendido
O presente tem sido algo tão inseguro
Que dizer então do futuro!!!
Mas as goteiras continuam pingando
Pagaria tudo para estar numa casa de telhado
E poder ouvir a chuva caindo a noite toda
Mas não sei se preciso de tudo o que quero
Nem muito menos se quero tudo o que preciso
Lucas Ribeiro
Pitangui, 30 de janeiro de 2007
terça-feira, 30 de janeiro de 2007
domingo, 7 de janeiro de 2007
4:30 DA MANHÃ
Ainda de madrugada o silêncio é rompido
Pelo ronco dos motores dos caminhões
Os Galos já cantam
Alguns próximos
Outros distantes
Pessoas já tomam café
E ainda são 4:30 da manhã
As rádios já começaram suas atividades
As crianças ainda dormirão por algumas horas
Até irem para a escola
Nas fábricas já se estão batendo cartão
Algumas estrelas ainda teimam
Em se estamparem no céu
O sol ainda não nasceu
Mas o horizonte já se ilumina
Breve grande massa laranja se erguerá
Derrubando todos das camas
Alguns mais precoces
Outros mais tardios
Mas já são 4:30 da manhã
E pessoas ainda bebem nos bares
Homens ainda gastam seu dinheiro nos bordéis
E os soldados já ouviram o trompete em seus quartéis
Escritores se desesperam
Diante de brancas folhas de papel
A espera de uma idéia
É possível ouvir o relógio
Se concentrar-se bem
Você ouvirá até seu próprio coração
Que trabalha o dia todo e não pode descansar
Está em funcionamento em período integral
Inclusive aos sábados e domigos
As vacas tem suas tetas acariciadas
Pelas ágeis mãos dos vaqueiros
Que de tanto fazerem isso
Já não esperam mais nada para suas vidas
Ligo a televisão e ainda está fora do ar
E ainda muito cedo
São apenas 4:30 da manhã
Tento ler um livro para ver
Se os ponteiros do relógio passam mais rápidos
Já são 4:30 da manhã
E ainda não consegui dormir
Lucas Ribeiro
Pitangui, 25 de novembro de 2000
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