terça-feira, 22 de maio de 2007

NOITE FRIA


Quando acabarem-se os receios
Dissiparem-se os remorços
E você perceber que não se deve poupar esforços
Nesta busca insana pela felicidade
Talvez já tenha acabado meu encanto
Nos destroços que você produziu

Quando a balbúrdia da grande massa acabar
E o palco se esvaziar
Você sentirá minha falta
O vazio daquele salão
Não será nada ante o vácuo no meu coração

Ao cair da noite
Junto com o frio de maio
Seus olhos não irão cerrar-se
Minha voz ecuará pela madrugada
Bem baixinho em seu ouvido

E ao desejar outra vez o calor do meu abraço
E perceber que agora estou tão longe
Aí será mais que o tempo e espaço
Seremos dois estranhos

Lucas Ribeiro
Pitangui, 10 de maio de 2007

quinta-feira, 10 de maio de 2007

IMAGEM DECADENTE


Os espelhos só refletem nossa imagem decadente
Nos livros só há alienações
Pessoas desequilibradas
Pensando juntas em uma solução

Seus óculos estão quebrados
Não servem para mais nada
Sua vista esta embaçada
Não consegue ver o que é óbvio

Seus sentimentos estão transtornados
No seu coração não há mais amor
Todas as decepções
Agora só lhe permitem algum rancor


Lucas Ribiero
Pitangui, novembro de 2000

domingo, 11 de março de 2007

LAMENTÁVEL REALIDADE


Em meio a cotidiana correria do dia a dia
Da qual sem querer nos tornamos dependentes
Está o medo de tentarmos mudar essa rotina
Que se apresenta estável e estagnada
.
.
Sem perceber esquecemos nossos ideais
E nos deixamos vender por uma ninharia
Que nem da pra realizar
Nossos mais simples desejos
.
.
Nossas vidas giram em função do trabalho
Que no mínimo
Consomem um terço de nossos dias
.
.
Poder viver e fazer o que quisermos
A nossa escolha
Se torna um utopia
.
.
E dessa maneira os anos passam
Sem nos darmos conta
E quando percebemos
Já estamos velhos demais
Para tentar qualquer mudança
.
.
Lucas Ribeiro
Pitangui - MG

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

CAETES


"Montes a esquerda, próximos, verdes; montes a direita, longe, azuis; montes ao fundo, muito longe, brancos, quase invisíveis, para as bandas do São Francisco. Acendi um cigarro e imaginei com desalento que havia em mim alguma coisa daquela paisagem, uma extensa planície que montanhas circulam. Voam-me desejos por toda parte, e caem, voam outros, tornam a cair, sem força para transpor não sei que barreiras. Ânsias que devoram facilmente se exaurem em caminhadas curtas por esta campina rosa que é a minha vida."




Como diria a amiga Thaís (ogritoo.blogspot.com), as vezes e muito dificil para inspiração chegar, ai e melhor colocar alguma poesia, textos de outro autor.
Por isso venho mostrar neste post um pequeno fragmento de um livro de um de meus escritores favoritos, Graciliano Ramos, este pequeno fragamento e do livro Caétes.
Espero que quem estiver lendo possa também sentir toda esta paisagem, e se sentir parte dela.
Eu, assim como o autor, imagino a minha com desalento pelo que tem sido feito hoje em dia
Com os montes que me rodeiam, onde não vejo mais árvores, água, pássaros, tudo se transformou em pastos e erosões.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Ciclos

É impressionante como os sentimentos em minha vida
Progridem e evoluem tão rapidamente
Assim como retrocedem e se dissipam


Creio que nem a água que evapora dentro de um destilador
Pode se condensar e voltar ao seu estado original tão rapidamente.

Lucas Ribeiro
Pitangui, 20 novembro de 2006

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

CHUVAS DE JANEIRO

Esta chuva mansa que cai a noite toda
É tão compassada que até lembra
Um batimento cardíaco
Até nos momentos de exasperação
Ao cair dos trovões lembra os sobressaltos
No qual passe este pobre coração

Tanta chuva que há tantos anos assim não via
Traz-me também tantas recordações
Boas, más, velhas conhecidas
E outras que agora me surpreendem
Mas não e só o passado que tem me surpreendido
O presente tem sido algo tão inseguro
Que dizer então do futuro!!!

Mas as goteiras continuam pingando
Pagaria tudo para estar numa casa de telhado
E poder ouvir a chuva caindo a noite toda
Mas não sei se preciso de tudo o que quero
Nem muito menos se quero tudo o que preciso

Lucas Ribeiro
Pitangui, 30 de janeiro de 2007

domingo, 7 de janeiro de 2007

4:30 DA MANHÃ


Ainda de madrugada o silêncio é rompido
Pelo ronco dos motores dos caminhões
Os Galos já cantam
Alguns próximos
Outros distantes

Pessoas já tomam café
E ainda são 4:30 da manhã

As rádios já começaram suas atividades
As crianças ainda dormirão por algumas horas
Até irem para a escola
Nas fábricas já se estão batendo cartão

Algumas estrelas ainda teimam
Em se estamparem no céu
O sol ainda não nasceu
Mas o horizonte já se ilumina

Breve grande massa laranja se erguerá
Derrubando todos das camas
Alguns mais precoces
Outros mais tardios

Mas já são 4:30 da manhã
E pessoas ainda bebem nos bares
Homens ainda gastam seu dinheiro nos bordéis
E os soldados já ouviram o trompete em seus quartéis

Escritores se desesperam
Diante de brancas folhas de papel
A espera de uma idéia

É possível ouvir o relógio
Se concentrar-se bem
Você ouvirá até seu próprio coração
Que trabalha o dia todo e não pode descansar
Está em funcionamento em período integral
Inclusive aos sábados e domigos

As vacas tem suas tetas acariciadas
Pelas ágeis mãos dos vaqueiros
Que de tanto fazerem isso
Já não esperam mais nada para suas vidas

Ligo a televisão e ainda está fora do ar
E ainda muito cedo
São apenas 4:30 da manhã

Tento ler um livro para ver
Se os ponteiros do relógio passam mais rápidos
Já são 4:30 da manhã
E ainda não consegui dormir

Lucas Ribeiro
Pitangui, 25 de novembro de 2000