segunda-feira, 4 de dezembro de 2006
RIO PARÁ
Rio da minha infância
Rio da minha adolecência
Rio da minha vida
Talvez algum dia
Rio da minha morte
Em suas plácidas margens
Agora tão vazias
Vivi tristezas
E enchente de alegrias
Tive minhas más
E minhas boas pescarias
Espantando os mosquitos
Nadando na água corrente
De ti não guardei rancor
Quando levaste minha casa
Após meses de chuvas
Apenas a melancolia
Ao ver aqueles telhados
Submergirem naquele improvisado
Oceano de água turva
Quando acalmastes e abaixastes
Pouco do que ali havia
Ainda estava de pé
No mesmo lugar
Me entristecem as usinas
Que com seu lixo industrial
Os já poucos peixes extermina
Dizimando também
A população ribeirinha
Rio da minha poesia
Rio de minha fantasia
Que um dia já correu
Águas limpas e vivas
Hoje o esgoto
Da suposta civilização
É incessantemente jogado em seu leito
Sem nenhuma conciência ou respeito
Mas a ganância pela riqueza
Não lembra da frágil natureza
Matando meu rio
O rio da minha vida
Que morre antes de mim.
Lucas Ribeiro
Pitangui, 06 de julho de 2001
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