
Rio da minha infância
Rio da minha adolecência
Rio da minha vida
Talvez algum dia
Rio da minha morte
Em suas plácidas margens
Agora tão vazias
Vivi tristezas
E enchente de alegrias
Tive minhas más
E minhas boas pescarias
Espantando os mosquitos
Nadando na água corrente
De ti não guardei rancor
Quando levaste minha casa
Após meses de chuvas
Apenas a melancolia
Ao ver aqueles telhados
Submergirem naquele improvisado
Oceano de água turva
Quando acalmastes e abaixastes
Pouco do que ali havia
Ainda estava de pé
No mesmo lugar
Me entristecem as usinas
Que com seu lixo industrial
Os já poucos peixes extermina
Dizimando também
A população ribeirinha
Rio da minha poesia
Rio de minha fantasia
Que um dia já correu
Águas limpas e vivas
Hoje o esgoto
Da suposta civilização
É incessantemente jogado em seu leito
Sem nenhuma conciência ou respeito
Mas a ganância pela riqueza
Não lembra da frágil natureza
Matando meu rio
O rio da minha vida
Que morre antes de mim.
Lucas Ribeiro
Pitangui, 06 de julho de 2001
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